A gente lê: Cinquenta Tons de Cinza
E daí que tive que encarar Cinquenta Tons de Cinza para um curso sobre estrutura narrativa.
Até gosto de conferir o que está na crista, mas, na época do sucesso de E. L. James, escutei uma informação no canal Tiny Little Things que me fez banir totalmente a trilogia da minha lista de "livros para ler": tratava-se de uma fanfic da saga Crepúsculo.
E o que seria isso?
Facfiction são histórias construídas a partir do enredo de uma obra já consolidada.
Pois é, E. L. James simplesmente transformou o romance água com açúcar entre uma moça bobinha e um vampiro num romance água com açúcar entre uma moça mais bobinha ainda e um moço com gostos estranhos. E é só isso.
Está bem. Eu sei que você ouviu falar que Cinquenta Tons de Cinza é "caliente". Mas na boa, gente, leiam Henry Miller, Pedro Juan Gutiérrez e companhia.
Para resumir: este foi o pior livro que já li na minha vida. E vou tentar explicar o porquê em cinco motivos:
1. Cinquenta Tons é um Crepúsculo piorado
E. L. James pegou elementos que eram justificáveis em Crepúsculo - que já não é uma saga boa - para criar cenas completamente inverossímeis em Cinquenta Tons. Vou exemplificar: Edward era muito rico, muito bonito, muito forte e até brilhava. Até aí dá para engolir, porque ele era um vampiro, não um humano. Já quando se cria um protagonista como Christian Grey que é muito rico, muito bonito, muito forte e humano, tudo fica ridículo.
2. A autora estragou de primeira o tema do livro
Anastasia se apaixona por Christian Grey, que curte sadomasoquismo. A partir daí, ou ela aceita ser submissa a ele, ou nada feito. Se fosse assim, legal, teríamos um conflito em torno do qual a história giraria.
No entanto, para chegar ao coraçãozinho das leitoras, a autora resolveu fazer o moço se apaixonar pela chata da protagonista de pronto.
Logo, se Christian está caidinho, não tem drama, porque Anastasia consegue praticamente tudo o que quer. Então, durante quase 400 páginas somos enrolados porque a questão central do livro - o fetiche do cara - é suplantada pelo romancezinho.
3. Não existe um enredo consistente
Já que não tem história, o livro é uma sucessão da seguinte cena: Ana encontra Christian - eles se pegam loucamente - Ana inicia uma DR - Christian é reticente - Ana fica #chatiada
O resto é um mimimi sem fim.
4. E. L. James esqueceu que estamos no século XXI
Se machismo fosse crime, tanto a autora de Cinquenta Tons, quanto a de Crepúsculo estariam presas. Quem disse para elas que o sonho da vida de uma garota é encontrar um cara rico que vai passar o resto da vida abrindo a porta do carro e escolhendo qual roupa ela deve vestir? Meu deus!
Atualmente, meninas estudam e trabalham justamente para não depender de um chato meloso e autoritário como Christian Grey.
5. A gente já sabe que Anastasia vai ceder
Christian dá livros raríssimos à Ana, ela acha o ato "inadmissível", mas não move um dedo para devolvê-los de fato. Depois, ele compra para ela um carro Audi sei lá o quê. Ana pensa: "Ui, que absurdo", mas o aceita de bom grado.
Com isso, nada no livro é inesperado, não tem surpresa e nem turning-points. A única vez que a mocinha recusa alguma coisa é... tcharam... no final do livro, o que me pareceu um artifício para os leitores ficarem curiosos e comprarem o segundo volume da trilogia. Eu, na boa, parei nesse primeiro.
No post de amanhã, continuarei falando de Cinquenta Tons de Cinza e vou mostrar as "grandes" frases do livro.
E você, também leu a obra? Comente aqui, quero saber o que você achou :)
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Cinquenta Tons de Cinza vai ter continuação com Christian Grey contando sua versão
Sandra Pazzini 26 de Maio de 2014 às 13:57
Nossa, disse tudo, Gabi. Li, desisti dos outros dois, dei o livro para a primeira amiga que manifestou interesse e corri reler A História de O.