A gente lê: O Coronel e o Lobisomem, de José Cândido de Carvalho

A gente lê: O Coronel e o Lobisomem, de José Cândido de Carvalho

Ler O Coronel e o Lobisomem, de José Cândido de Carvalho, é imaginar o narrador/protagonista sentado na sua frente, relatando os causos ocorridos com ele durante toda sua vida mágica.

Órfão de pai e mãe, o Coronel Ponciano de Azeredo Furtado foi criado pelo avô, um dono de terras e gado ricão do interior do Rio de Janeiro no começo do século XX. O homem queria que o neto seguisse o caminho das letras, mas o jovem só queria saber de vadiar na cidade. Numa dessas, o cara - que tinha passado pelo Exército - consegue derrotar meio no susto um corajosão do 'circo de cavalinhos' e ganha a patente de coronel.

Com a morte do avô, Ponciano toma jeito e assume com mão de ferro a herança, tornando-se um homem poderoso, respeitado e temido. Nessa primeira fase da estória em que o coronel permanece como o supremo da fazenda, ele vai enfrentar uma série de aventuras com um toque de fantástico: seus inimigos serão onças, sereias e lobisomens. As contradições nos relatos do narrador dão margem para que a gente nunca saiba se ele está exagerando, inventando, sonhando ou, vai saber, falando a real.

Então, por uma série de acontecimentos, Ponciano decide passar um tempo na cidade e é isso que considero a segunda parte da estória. Se antes o protagonista lutava contra assombrações e serpentes demoníacas, aqui ele começa a lidar com um tipo bem pior de criatura: políticos, jornalistas e banqueiros. Considerando-se que o livro foi escrito em 1964, fico pensando se José Cândido de Carvalho não quis fazer uma metáfora sobre o processo de urbanização pelo qual o país passava.

A narrativa é deliciosa e lembra muito Guimarões Rosa em Grande Sertão: Veredas - não só no tom do narrador (alguém relatando a outro alguém suas aventuras passadas), mas também na tentativa de reproduzir a oralidade do homem do campo - sim, tem aquele monte de palavra que você não vai achar no dicionário.

Se precisa de mais um motivo para ler esta obra, posso dizer que ela está incluída na lista dos 100 livros essenciais da literatura brasileira Revista Bravo.

O Coronel e o Lobisomem está saindo por R$ 28,95 na Amazon.com.br, mas, além da edição de capa azul da Companhia das Letras, existe uma mais barata (e mais difícil de encontrar) da José Olympio. 

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