A gente lê: Estrela Solitária - Um brasileiro chamado Garrincha

A gente lê: Estrela Solitária - Um brasileiro chamado Garrincha

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Quando peguei Estrela Solitária - Um brasileiro chamado Garrincha na estante da casa da tia Berna, meu interesse era tanto no jogador, quanto em Ruy Castro. Nunca tinha lido algo escrito pelo autor, apesar de muito ter ouvido que ele é o gênio das biografias.

Não duvido mais. Ruy Castro fez 500 entrevistas com 170 pessoas (de Chico Buarque à Elza Soares, de Zagalo a Ziraldo) durante dois anos e meio. O resultado foi praticamente a ressurreição de Garrincha.

O livro começa lá na tribo indígena integrada pelo avô do astro em Quebrangulo (AL). Os descendentes de José Francisco do Santos descem para Pau Grande, no Rio de Janeiro, onde vão se aglomerar em torno de uma fábrica de tecidos comandada por ingleses. É ali que Garrincha nasce e cresce soltinho, sem mimo nem bronca, enquanto o pai galanteador faz "visitas" às mulheres da região.

Aos 14 anos, o moço começa a trabalhar na fábrica, onde era muito ruim de serviço, mas cheio de regalias porque, adivinhem só, arrasava em campeonatos da região jogando pelo time dos funcionários. Ruy Castro especula que, por ter praticado muito no campinho de terra de Pau Grande, Garrincha tenha fortalecido as pernas e aprendido a driblar buracos!

Daí um jogador do Botafogo, Araty, é convidado para apitar uma partida amadora em 1952 e descobre o tal lateral de pernas tortas. Vocês acham que Garrincha ficou deslumbrado? Imagina! Um ano depois é que, finalmente, resolve fazer um teste na capital. Pronto. Nascia a estrela.

Imagino que leitor que desgosta de futebol não deva encarar essa biografia, pois, a partir daí, vão rolar muitos causos sobre Campeonatos Cariocas e sobre as Copas do Mundo conquistadas pelo nosso herói (a de 1958 na Suécia, onde engravidou uma gringa, e a de 1962 no Chile). 

Esses são capítulos de glória. O despachado jogador só fazia o que queria, mas tudo era compensado pela genialidade. Até que ele se apaixona perdidamente pela cantora Elza Soares e, pouco depois do bi mundial, abandona a família que já estava abandonada fazia tempos. Então, para os olhos do público, vira a encarnação de tudo o que é impuro no mundo, o que só piora com o fato de que o joelho do craque estar bichado - essas coincidências da vida.

Quanto mais ele se tornava celebridade alcoólatra e irresponsável, menos seu corpo permitia que ele jogasse o seu futebol. E aí a parte final é de ler com o coração apertado: bebidas, vexames, agressões à Elza, internações. Mas a real é que, apesar dessa coisa de "Estrela Solitária", eu achei que Garrincha recebeu considerável apoio. A única birra minha em relação ao livro é que acho que Ruy Castro foi meio injusto com Pelé.

Predileções a parte, se você não tem uma estante da tia Berna ao seu dispor, o livro está em oferta neste momento na Livraria da Folha, por R$ 49,00 .

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