As diferenças entre o Corcunda de Notre Dame de Victor Hugo e o da Disney
No comecinho da semana passada, contei que li O Corcunda de Notre-Dame, de Victor Hugo , e que estava louca para rever o desenho que a Disney fez da obra em 1996.
Para mim era óbvio que encontraria muitas diferenças entre original e adaptação. Primeiro porque quem vai assistir a esse tipo de filme deveria estar ciente de que é uma A-D-A-P-T-A-Ç-Ã-O, não uma cópia. Outra porque o Corcunda de VH é um livro adulto que precisou ser transformado numa história para crianças.
De qualquer maneira, algumas discrepâncias foram bem curiosas, principalmente por causa dos 165 anos que separam o livro do desenho - sabem como é, valores mudam. Comento abaixo algumas delas:
O malvado de Victor Hugo é um padre e o da Disney, um juiz
Provavelmente para evitar polêmicas religiosas, a Disney optou por colocar o cruel Cláudio Frollo na ocupação de um juiz em vez de um arcediago.
No desenho, o malvadão da história é um radical que persegue ciganos. Um dia, ele mata uma forasteira bem nas escadarias de Notre Dame e, para expiar os pecados, acaba ficando com o bebê que a morta carregava: Quasímodo.
Já no livro, Frollo é um homem com uma vida sofrida, mas capaz de se compadecer com uma criança abandonada cheia de defeitos físicos e adotá-la. Ele vive com Quasímodo na catedral francesa até que surge Esmeralda, a mulher que o enlouquecerá de paixão. Juntando culpa com posse, o religioso começa a fazer as piores crueldades do mundo.
O Quasímodo do livro é surdo
O corcunda de Victor Hugo é um sineiro que perdeu a audição depois de tantos anos ouvindo as badaladas. Essa característica dificulta ainda mais a vida de Quasímodo. Em um trecho angustiante, por exemplo, ele está em um julgamento e não consegue se defender, pois não ouve as perguntas dos juizes.
Não sei por que a Disney eliminou essa informação, mas imagino que foi para facilitar a comunicação do personagem.
O capitão Febo das páginas é um cafajeste
O verdadeiro conto de fadas precisa ter o quê? Um casal que termine feliz para sempre, como aconteceu com Febo e a Esmeralda versão Disney. Pois é, meninas, segurem o coração. No livro, o capitão e a cigana têm um lance (bem mais acalorado do que o mostrado para as crianças no desenho), mas o cara usa a mocinha e joga fora.
A Esmeralda original é uma bobalhona
Não sei se foi a Revolução Feminista, mas a cigana da Disney é mil vezes mais esperta do que a de VH, além de ser fofinha com o corcunda.
A literal, meu deus... É uma típica mocinha do Romantismo: casta, besta, frágil e pior: acabam sempre levando os bravos homens da história à ruína. Reflitam sobre as personagens femininas e me digam se elas - ou melhor, a "ingenuidade" delas - não são sempre as culpadas pelas desgraças.
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Ester Correia 31 de Julho de 2015 às 23:13
Interessante ver as diferenças entre o livro e o filme, não sabia que havia diferenças assim tão marcantes entre estes, muito legal seu post.