Sua Voz Dentro de Mim é o diário de uma maníaco-depressiva que ama o psiquiatra
por Juliana
Quando descobri sobre esse livro, não sabia muito o que esperar de um relato de depressão remetendo a um quadro famoso. O problema é que, quando terminei, continuei sem saber.
Sua Voz Dentro de Mim, de Emma Forrest, foi publicado em 2011 e pode ser definido como um diário.
Sabe quando alguma frase absolutamente sem sentido, um comentário sem propósito ou observação peculiar surge em sua mente? Você jura que nunca vai dizer em voz alta e nunca o publicaria em seu Facebook. Emma Forrest fez um livro disso.
Nada linear, Emma demonstra a confusão de sua mente maníaco-depressiva em idas e vindas no tempo nas páginas. De quase suicídios a relacionamentos frustrados, é possível relacionar-se com frases de desesperança e notar o quão grave elas podem se tornar.
Até a metade do livro, é possível criar grande empatia pela vida de Emma e de fato cada página é interessante.
O problema é que embora componha grande parte do livro, o relato sobre a depressão dá origem a uma ode ao psiquiatra e um canto dramático após romper um relacionamento, com Colin Farrell (aí da foto ao lado).
Ohmeudeus. Como eu sabia quem era MC? Ela esconde os nomes de seus amores e envolvidos, mas é um esforço ingênuo, já que namorou um famoso. A imprensa logo descobriu que o marido cigano (MC) seria o ator Colin Farrell. É como se a Grazi Massafera resolvesse falar sobre um amor, com quem teve uma filha, que a traiu e fazer referências como CR e IV. Não faz sentido e expõe tantos detalhes sobre o ator e a intimidade do casal que em determinado momento você começa a sentir pena dele.
Se com a privacidade alheia suas descrições são escancaradas, os parágrafos sobre sua vida não são menos explícitos - temos direito a saber do dia em que fez sexo com uma calcinha feita pintada por sua irmã e outro com manchas de menstruação.
A partir da metade do livro então, esse tipo de detalhe é misturado com a obsessão de Emma com seu ex e a morte de seu psiquiatra. Quase alternando os parágrafos para falar sobre o mesmo assunto.
São trechos de cartas de pacientes do Dr. R perdidas em capítulos e atitudes pouco justificáveis com o ex.
Como ela resolverá o problema? Seu relato poderia dar forças para alguém.
Terminei o livro e só sei o que o Google me contou: ela se casa e tem um filho em 2012. Não que ela fosse vidente, mas era de se esperar que destacasse um motivacional na ausência de conclusão. O livro acaba "sem final" e tudo bem se fosse demonstrar que a vida continua, mas falta amarrar os acontecimentos. São desabafos, problemas simultâneos e pouca correlação, muito como o diário de uma adolescente, pouco como um livro que pretende homenagear alguém. Talvez seja despropositado assim mesmo, mas aí não seria melhor mandar uma carta?
Juliana é jornalista e incentivadora ativa do Shereland. Já contribuiu para este site em uma resenha linda sobre o livro Extraordinário e na lista dos casais mais legais da literatura. Ju, quando o Shere ficar rico a gente te paga um salário, está bem? :P |
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