A gente lê: Sergio Y. Vai À América, de Alexandre Vidal Porto

A gente lê: Sergio Y. Vai À América, de Alexandre Vidal Porto

Anselmo é um psiquiatra bem-sucedido, que já chegou ao ponto de escolher os pacientes que vai atender em seu consultório em Pinheiros, bairro abastado de São Paulo. Um dia, chega até a ele Sergio Y., um garoto de 17 anos cujo problema maior é ser triste. Não adianta, o garoto é rico (descende do dono de um aglomerado de lojas que talvez seria o equivalente a uma Casas Bahia), bonito, tem futuro, mas é triste.

A inteligência de Sergio instiga Anselmo, e eles conseguem evoluir bem, mas o menino finaliza o tratamento sem mais nem menos depois de fazer uma viagem a Nova York.

Passam-se anos, até o médico ouvir o nome do ex-paciente envolvido numa notícia bombástica. É esse fato que vai causar uma reviravolta nas certezas de Anselmo, fazendo-o questionar inclusive a sua vocação. Teria falhado? Seria um péssimo profissional? Assim, ele afunda numa missão pessoal para entender a cabeça do menino e reconquistar a paz. 

Não, eu não vou soltar qualquer dica sobre o que rolou com Sergio e, com isso, deixo uma lacuna bem grande nessa resenha. Sergio Y. Vai À América é um livro complexo, aborda questões humanas, mas acho que você vai gostar muito mais de descobrir tudo sozinho.

"Acredito que todas as pessoas do mundo têm um kit básico que é a única maneira de se comunicar. Eu trabalho com essa humanidade comum", definiu o escritor Alexandre Vidal Porto, em um curso que ministrou na Companhia das Letras e do qual participei. Ali, o autor disse que Sergio Y. Vai à América fala sobre otimismo, autoexílio e transformações (ou seriam metamorfoses?). 

Entretanto, eu acrescentaria mais um item à lista: empatia. Não pude deixar de fazer um paralelo entre Sergio Y e  O Sol é Para Todos, de Harper Lee, em que a personagem Scout só desvenda o desfecho da história quando se imagina andando sobre os passos de um personagem em questão. Scout e Anselmo entram na pele do outro, coisa que, aliás, a gente podia praticar mais.

Ah, vale dizer que Sergio Y. Vai a América é daqueles livros para ler numa sentada só. Citando o próprio autor: "Só peço a vocês que leiam a primeira página, daí eu me garanto".

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