A gente lê: O Sol É Para Todos
No alto da minha estante, tenho um pilha dos renegados. São nove livros que abandonei e não sei se algum dia vou resgatá-los. Há cinco anos, O Sol É Para Todos, de Harper Lee, estava neste grupo, até que Passarinha, de Kathryn Erskine , me estimulou a pegar o clássico e concluí-lo com louvor.
Agora eu entendo por que O Sol É Para Todos é um dos maiores títulos da literatura norte-americana - para vocês terem uma ideia, foi a segunda obra mais citada por internautas em uma pesquisa recente do Facebook .
A narradora é Scout Finch, que está se lembrando de incidentes terríveis que rolaram quando ela tinha cerca de oito anos. A mãe da protagonista morreu quando ela era muito pequena, e então Scout foi criada pelo pai, o advogado Atticus, e pelo irmão mais velho, Jem.
No início é tudo lindo e inocente, até que as crianças Finch começam a ser hostilizadas porque o pai era um "adorador de negros". É aí que elas começam a entender o que está rolando ao seu redor. Atticus está advogando para um negro acusado de estuprar uma garota. É preciso entender que a história se passa no início do século XX em uma cidade do sul do Alabama, onde negros e brancos eram totalmente segregados. Para vocês terem uma ideia, nessa época, um negro jamais poderia se sentar nas vagas reservadas para brancos em transportes ou locais públicos. E aí que um branco defender um negro era praticamente pecado.
Temos aqui o cenário onde vai se desenrolar uma das histórias mais lindas de todos os tempos. Trata de preconceito, do papel da mulher, de direitos civis. Mas também fala de empatia. Em um trecho, Atticus - o maravilhoso - explica a Scout que alguém só poderá entender o outro quando "entrar" no corpo alheio e refazer os seus passos.
Importante também é entender o título original, To Kill a Mockingbird. Mockingbird é um tipo de pássaro cantante que não existe por aqui. Quando Jem e Scout ganham arminhas de chumbo de Natal, Atticus os alerta dizendo que eles não podem atirar nos mockingbirds, pois estes não fazem nada além de cantar. Essa frase já é um belo resumo da obra.
Me chamou a atenção as sub-histórias que mantêm o ritmo das quase 400 páginas, além dos personagens coadjuvantes, todos maravilhosos. Como não se apaixonar por Mrs Maudie, Dill, Calpurnia? Bom, melhor parar por aqui....
Só que, infelizmente, Harper Lee gastou toda a sua genialidade neste livro, porque nunca mais publicou nada, embora, dizem, tenha sido essencial na construção de A Sangue Frio, de Truman Capote. Sim, os dois eram amigos de infância e, se Scout era o alter-ego de Harper, o namoradinho Dill era Capote!
Aposto que você ficou com vontade de ler, certo? Bom, tarefa difícil. O Sol É Para Todos está esgotadíssimo no Brasil, ausente até em sebos. O jeito é se arriscar no original como eu, ou pedir emprestado. Que tal? Cadastre-se no Shereland e veja se algum amigo não tem um exemplar para te emprestar.
Coloque O Sol É Para Todos na sua lista de livros para ler em 2015
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