Depois de ler Insurgente, pulei direto para Convergente, o livro que encerra a saga Divergente, de Veronica Roth.
Infelizmente não consegui fazer uma lista de 10 motivos para ler como havia feito com a primeira obra da série, então a resenha será sobre as razões que tornaram a leitura, na minha opinião, decepcionante.
1- Muitas mortes, pouco significado
Olha, mais um personagem morreu. "Quase me importei"
Seguindo a lógica dos dois livros anteriores, Convergente mata muitos personagens. Mas diferentemente de Insurgente, no qual muitos personagens sem importância morrem sem glamour, em Convergente vários personagens que deveriam ter importância morrem ou ficam feridos sem a devida atenção.
Sem spoilers, o que dá pra dizer que é que as descrições são quase nulas. Um movimento que você não entende bem e a pessoa no chão. Fim. "Ah. Que pena. Não vamos discutir sobre isso, continue a história."
É essa a sensação que tive. Eu sei que os momentos pediam agilidade, mas sendo um livro em primeira pessoa, senti falta de um conflito interno maior sobre fatos importantes como esse.
Algumas pessoas podem dizer que é a tentativa de mostrar como a guerra mata "do nada". Mas alguns personagens simplesmente mereciam mais atenção da protagonista.
2- Ponto de vista de dois personagens (que simplesmente são iguais)
Tris ou Tobias? Quem está falando agora?
No último livro, Veronica simplesmente decidiu acrescentar a visão do Tobias também em primeira pessoa. A ideia parece boa, mas a realidade... Além do problema da mudança repentina e de nem sempre a cena na qual o personagem está é interessante, temos a drástica falha do livro: Tobias simplesmente vira a irmã gêmea da Tris.
Isso mesmo. Aquele homem forte, cabeça dura, inteligente, sério, às vezes romântico, mas muito misterioso se transforma num garotinho mandão, assustado, infantil, brigão, impulsivo e completamente imaturo. Ele virou a Tris do segundo livro.
Em muitos capítulo eu não saberia quem estava falando se não estivesse em cima escrito. Experimente ler sem prestar atenção no nome que aparece ao lado do capítulo. Impossível.
3- Sensação de que nada acontece
Enquanto Insurgente é muito dinâmico e consegue dar a sensação de distopia que o mundo está ruindo, Convergente é morno demais.
A questão é que demoram mais de 300 páginas para algo realmente interessante acontecer e quando acontece você acha que é só um "esquenta", mas não é. Nada tem cara de "último livro", "batalha final", "decisão", "vamos todos morrer". Isso é um problema causado pela falta de envolvimento com a história, ambientada em novo local e pelos muitos novos personagens.
Só existe um acontecimento de verdade no livro, e está nas últimas páginas.
"Nossa. que missão interessante, hein, Tris, fala mais..."
4- Novos personagens demais
Muitos nomes. Muita gente nova que você simplesmente não se importa ou tem tempo de lembrar os nomes. É difícil se envolver com a história.
Mais uma vez vemos o problema de que a autora parece escrever as frases primeiro e depois determinar qual personagem terá a vez de falar.
Todos são muito parecidos entre eles e parecem personagens que morreram nos outros livros, só que com outro nome.
Tudo bem criar 300 pessoas para o livro, mas se todas são mal desenvolvidas é muito difícil. Elas são planas e parecem ter somente um lado. É basicamente dividido entre "turma do bem" e "turma do mal".
"Tá. Esse é o... Pera. Era o o outro. Era irmão de.. Oi?"
5- Casal graduado como genérico e chato
Como dito, Tobias está simplesmente in-su-por-tá-vel neste livro. Ele é a Tris de "Insurgente", a garota da D.R., com duplo poder de frescura. Tris melhorou de suas reclamações do livro 2 e se aproxima da menina forte do primeiro livro, mas agora precisa ficar brigando com o namorado doppelgänger.
"Estou muito feliz por vocês. Agora vou vomitar"
6- Mãe do Tobias
Fico impressionada como uma mulher retratada como extremamente vingativa e sem medo nenhum de passar por cima de quem for para conseguir seus objetivos desde sempre, agora seja convencida por um discursinho piegas.
Simplesmente não convence. O papel de Tobias nessa história toda também é simplesmente lamentável. Ele regride aos 5 anos de idade e o diálogo é de dar alto momento de vergonha alheia. Até poderia acontecer, mas não tão rápido, não com aquela cena. Eles tiveram oportunidade para fazer isso durante o segundo livro inteiro e não aconteceu porque Quatro ainda tinha uma personalidade...
7- Caleb
Caleb. Onde vive? O que sente de verdade? Por onde anda? Por que não dar um desenvolvimento de verdade para ele? Por que fazer o final não ter um significado de verdade pra ele?
Sem contar que ele é o membro da Erudição mais BURRO que existe. Se você já vai morrer de qualquer forma, por que diabos você vai se sentir acuado com uma ameaça de morte?
Não dá. Acho que o desenvolvimento dele foi precário.
Tão diferente dos primeiros livros...
8- Tudo bem fazer mal a quem não é seu amigo
Sem dar spoilers, o máximo que consigo dizer é: eles discursam o quanto é um absurdo os "caras maus" fazerem maldade com os "caras bons". De que forma vão impedir? Fazendo essa maldade contra eles. Lógica. Onde está?
Além disso: tudo bem que uma população inteira está sofrendo, mas o que interessa de verdade são os pais do meu amigo que ficou mal por minha causa. E ainda querem julgar que um "personagem do mal" aja por culpa. Lógica. Onde está?
Nova Chicago, mais conhecida como Ilha dos Cínicos
9- Explicação e desenvolvimento da história
Depois do segundo livro, você entende o quanto os Sem Facção são importantes. No terceiro, isso é simplesmente ignorado, ninguém liga mais para o que estão fazendo lá na cidade e de forma muito confusa todos esses personagens são deixados de lado para criar um novo núcleo, novo vilão... A autora não soube lidar com dois universos acontecendo ao mesmo tempo.
Além disso, a explicação final para todas as Facções e Chicago estar atrás da cerca simplesmente é muito estranha quando você analisa com algum senso de realidade. Apenas para exemplo: quantas décadas seriam necessárias para completar o experimento? Não seria simplesmente muito custoso ao governo manter pelo menos uma cidade inteira disso durante um século até terem resultados de fato? Será que não tinha um investimento mais inteligente?
"Não arruíne minha história com a sua lógica..." Tá bom, tá bom.
10 - Sacrifícios
Acho que você sabe do que eu estou falando.
A sensação que dá é que foi tudo por nada. Que primeiro há uma vontade de mudar tudo e mania de herói, depois uma desesperança e vontade de suicídio, e quando finalmente é aprendido que não é necessário fazer sacrifícios no impulso, pois sempre há uma escolha inteligente, acontece o que aconteceu. A escolha é caótica e derruba o final do livro (embora seja o único fato interessante). O pior de tudo, é que o livro termina sem mensagem. "Vão em frente e se matem fazendo coisas idiotas" seria a melhor delas? "Nós podemos nos consertar e seremos perdoados, a menos que seja uma pessoa que fez mal para mim, aí eu não perdoo".
"Por que você faria isso?" Não sei também. Talvez para acabar logo o livro
Simplesmente não vale a pena terminar a trilogia...
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