Como ler um livro difícil, por Lila Cerrullo
Tem coisa pior do que começar a ler um livro e não entender nada? A gente nunca sabe se a culpa é nossa ou do escritor... Sei que tem muita gente que simplesmente abandona o livro no maior desapego, mas eu não consigo: sempre fico achando que existe alguma coisa ali que eu preciso enxergar.
Pois esses dias, estava lendo História do Novo Sobrenome, o segundo volume da tetralogia napolitana de Elena Ferrante (foi mal, gente, estou tão obcecada por esses livros, que só falo neles agora), e encontrei um trecho matador sobre o processo de não conseguir atingir o texto de primeira. Nele, a narradora da história, Lenu, descreve um pedaço do diário da amiga/antagonista Lila Cerrullo.
“Em seus cadernos encontrei apontamentos sobre como lia textos complexos: avançava com dificuldade página a página, mas depois de um tempo perdia o sentido, pensava em outra coisa; no entanto impunha ao olho que continuasse deslizando pelas linhas, os dedos passavam a página automaticamente e, ao final, tinha a impressão de que, mesmo não tendo entendido, as palavras tivessem entrado em sua cabeça trazendo pensamentos.”
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