A (não) interpretação de textos literários, por Flannery O'Connor

A (não) interpretação de textos literários, por Flannery O'Connor

Quantas vezes, ao escutar seu professor de literatura divagando sobre as inúmeras interpretações de um texto, você não pensou: "mas será que o escritor quis mesmo dizer tudo isso"? Pelo visto, a resposta é não, de acordo com Flannery O'Connor, uma escritora americana do século XX muito renomada.

Eu explico: em 1961, um professor de inglês e seus alunos tiveram um impasse na análise de um dos contos da autora, É Difícil Encontrar Um Homem Bom. Para chegar a uma conclusão precisa, eles decidiram escrever a O'Connor, que ficou, como ela mesma descreveu na resposta, "em estado de choque". Segundo a escritora, aquele monte de interpretação não só era equivocado, como também era inútil. Veja só o último parágrafo da resposta esmagadora da mulher:

"O significado de uma história deve crescer na medida em que o leitor reflete sobre ele, mas não pode ser captado em uma única interpretação. Se os professores costumam tratar uma história como se fosse um caso de investigação para o qual qualquer resposta é crível desde que seja aceitável, acho que os alunos nunca vão aprender a gostar de ficção. Muita interpretação certamente é pior que pouca. Não há teoria que supra a falta de sensibilidade."

Muito boa, né? Ah, já que você leu até aqui, vou aproveitar para recomendar a fonte de onde peguei essa carta, o livro Cartas Extraordinárias, de Shaun Usher. Trata-se de uma reunião de 125 correspondências históricas escritas por grandes personalidades (tipo Elvis Presley) e desconhecidos (como a mulher que escreveu para se justificar o abandono do filho). Para a gente que gosta de literatura, tem grandes atrativos, como cartas de Jack Kerouac, Hemingway, Anïs Nin e muitos outros.

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