A gente lê: Os Beats
E aí que eu li a minha primeira história em quadrinhos da vida- sem contar, é claro, os gibis da Turma da Mônica, Barbie, Senninha e afins! O feito foi realizado graças ao incentivo do meu querido amigo Daniel, que me emprestou uma obra com um tema irresistível para mim: o movimento beat.
Os Beats não faz uma análise profunda do grupo e de sua obra. A proposta é muito mais simples e divertida: chamaram algumas duplas de roteiristas e desenhistas do universo HQ politizado americano, e daí elas foram dando uma geral sobre os artistas ou aspectos essenciais para o movimento em histórias curtas e independentes.
Como não poderia deixar de ser, o livro abre com a biografia em quadrinhos (roteiro de Harry Pekar e a arte de Ed Piskor) dos três grandes beats: Jack Keroauc, Allen Ginsberg e William S. Burroughs.
Essas páginas estão recheadas com aquele tipo de fofoca que a gente adora saber... Insinua-se, por exemplo, que Ginsberg contribuiu muito mais para Almoço Nu do que o próprio Burroughs. Conta-se ainda que este andou assaltando gente a mão armada na Times Square para comprar drogas!
Só não gostei muito quando caracterizam meu muso Keroauc como antissemita e homofóbico. Já li algumas coisas dele e sobre ele, e nunca achei que estivesse alguma dessas inclinações. Aliás, discordo até que ele fosse de fato apaixonado por Neal Cassady - não que faça alguma diferença, mas acho mesmo que era pura amizade :p
Enfim, depois dessa boa introdução, a obra traz pequenas historinhas - geralmente de quatro páginas - não só sobre os escritores (tem Gregory Corso, Philip Whalen, Diane DiPrima...), mas também sobre artistas plásticos, bandas e até lugares.
Como a HQ foi feita por muita gente, é muito incrível observar diversos traços e estilos de escrita.
O ponto alto para mim fica, sem dúvida, para Joyce Brabner (roteiro) e Summer McClinton (desenho) que criaram a tocante Garotas Beatniks. Aqui, finalmente é tirado o glamour das namoradinhas dos beats. Carolyn Cassady, por exemplo, é personagem importande de On The Road, mas, na vida real, tinha que sustentar a família enquanto o maridão curtia o mundo com Kerouac. Ou Elise Cowan, a menina que datilografou por puro amor O Uivo, mas que, rejeitada pelo homossexual Ginsberg, acabou se atirando de uma janela fechada.
Dani, muito obrigada! :D
Leia mais sobre o movimento beat aqui no Shereland:
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