A gente lê: Em Parafusos, Ellen Forney desenha sobre o transtorno bipolar
Parafusos são as memórias em forma de quadrinhos de quando a artista Ellen Forney descobriu que é Bipolar I, pelo que entendi, o tipo do transtorno com variações mais radicais entre os picos de euforia e os picos de depressão. Vejam só:
De início, o diagnóstico até fez com que a quadrinista acreditasse que tinha sido aceita no que ela chama de Clube Van Gogh, essa lista vasta de escritores, poetas e pintores talentosíssimos e perturbados:
Nessa época de descoberta, Ellen estava em uma fase de agitação máxima e achou que qualquer tratamento com remédios podaria a sua genialidade. Só que a alegria foi embora no decorrer dos meses e, quando a depressão começou, a moça percebeu que não seguraria a onda sem uma ajudinha química. Olhem à direita que desenho genial ela fez para definir a depressão.
E é aqui que chego no que identifiquei como conflito principal do livro: Parafusos é a saga de uma pessoa com distúrbio de humor atrás de um tratamento que a estabilize. Não pensem que é fácil. Durante os quatro anos em que levou até chegar à combinação ideal, Ellen documentou cada remédio experimentado (tem uma avaliação interessante sobre a maconha), os efeitos colaterais sentidos (por exemplo, quando uma pessoa toma lítio - sim, aquele da música do Nirvana -, precisa tirar sangue periodicamente para não se intoxicar) e os trechos das consultas na psiquiatra.
Outro ponto importante do livro é a busca de Ellen para entender a associação já comprovada entre a criatividade e bipolaridade. E aí, nesses trechos da HQ, a gente conhece um pouco da biografia de alguns maníaco depressivos famosos, como Van Gogh, Edward Munch e Sylvia Plath.
Se você tem algum distúrbio de humor, acho que esse livro pode ajudar você a aceitar melhor a doença. Se você não tem, é uma importante ferramenta para você compreender e parar de julgar que depressão é apenas uma questão de mimimi.
Para finalizar, deixo um vídeo com entrevista que a escritora Ellen Forney deu a um canal de TV explicando por que desenhou Parafusos. Mesmo que não entenda a língua, é legal para ver alguns desenhos com maior nitidez e também, claro, a cara da Ellen real.
Sabem como descobri a existência desse livro publicado em 2012? Com o canal Tô Lendo. Foi o vídeo da Cláudia que me instigou a ler o livro e, adivinhem só, peguei emprestado com ela mesma. Se quiserem ver a resenha da Cláu sobre Parafusos, cliquem aqui e não se esqueçam de seguir o canal depois!
Livros relacionados
Parafusos - Mania Depressão Michelangelo e Eu
Posts relacionados
A gente lê: Maus
A gente lê: Persépolis
A gente lê: Retalhos
A gente lê: Azul É a Cor Mais Quente (e compara a HQ com o filme)
4 motivos para ler Vincent, de Barbara Stock (a biografia de Van Gogh em HQ)
Frases de Tati Bernardi em Depois a Louca Sou Eu