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Opinião sobre 'Hopeless': um caso (não tão) perdido

por Juliana

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Um Caso Perdido, de Colleen Hoover, sofre com a tradução impossível de um jogo de palavras e sentidos do título original, "Hopeless". Por isso é tão difícil não se referir ao livro como tal. Se você é fã de romances Young Adult, é uma parada obrigatória. Se não, entenda por que esse livro foge, com dificuldade, à regra.

Sky é uma adolescente que foi adotada e criada em casa, sem televisão, tecnologia ou frequentar a escola. Ela convida garotos a entrarem em seu quarto pulando a janela, mas nunca faz sexo com eles.

Ela vai para a escola pela primeira vez, em seu último ano, é rotulada como vagabunda e segue como "rebelde" da turma. Um dia encontra um rapaz lindo como um deus e (claro) fica atraída por ele. Ao decidir ir embora, é abordada pelo bonitão, que pareceu tão hipnotizado quanto ela. Holder pergunta então seu nome, completamente afoito, e diz tê-la confundido com outra pessoa.

Aí a história começa.

Em 200 páginas, temos encontros e desencontros dos dois, que estão misteriosa e completamente apaixonados um pelo outro, embora Holder tenha uma casca de durão, uma tatuagem que diz "Hopeless" (Caso perdido, título do livro), atitudes impulsivas e uma fama nada agradável. Sky faz a linha garota foradocomum, que se acha sem graça, mesmo assim é desejada por muitos, mas tem uma personalidade igualmente problemática.

Lembra algum livro? Um deles tem vampiros. Outro, algemas e contratos. Entre vários.

Este poderia ser mais um romancezinho para jovens adultos, no qual estamos diante de parágrafos graúdos sobre como alguém pode se apaixonar tanto assim por outra pessoal em tão pouco tempo, sendo tão sem graça, e "oh será que ele gosta de mim", "como ele é fofo e viril" e declarações do "trovador moderno".  E é, quase até o final.

Uma pessoa com algum desconfiômetro na vida chega a se questionar se é até mesmo SAUDÁVEL gostar de um rapaz que te perseguiu, descobriu tudo sobre sua vida e é tudo tão intenso e inesperado que tudo bem quando ele tem acessos de loucura e raiva. A boa notícia - e motivo que me fez ir até o fim - é que tudo isso FAZ sentido neste livro e transforma um pouquinho da experiência das páginas anteriores. 

A má é que, sinto muito moças, mas a autora constrói Holder de uma forma surreal. Ele solta frases desnecessariamente gigantescas e melosas - duas coisas que não combinam com a personalidade do personagem nem com relacionamentos de verdade (tendo a ter pés no chão quanto a coerência e senso de verdade dos personagens). Algumas, admito, parecem forçadas e sem sentido no começo, mas depois, quando você SABE, aí dá pra entender (um spoiler aqui e você não teria por que ler o livro, que é a surpresinha). 

Mesmo assim, fica muito difícil encarar parágrafos gigantescos que descrevem simplesmente momentos íntimos e a pura intensidade do sentimento de um pelo outro. Por. duzentas. Páginas. Claro, se você tem uma certa idade de ansiedade sexual e carência afetiva, será completamente preenchida sonhando com ele.

No meio de tanto blá blá blá, singulares páginas mostram sonhos de Sky e algumas dicas vão aparecendo dando um sinal de que o livro tem alguma história! Persistir para chegar nela tem um prêmio interessante.

Um leitor mais sagaz conseguirá desvendar pelo menos metade do mistério antes do fim do livro. Mas é algo tão louco (para o bem e para o mal), para uma trama que parecia só um romancezinho fofura, que chega a fazer você pensar que você precisava ter lido isso. 

Misturar uma trama verdadeiramente obscura com o arroz com feijão da fórmula de romances adolescentes é uma boa sacada, principalmente quando, geralmente nesses títulos, são as tramas obscuras as transformadas em água com açúcar. É um livro diferente que fãs de Young Adult devem conferir. Se não for fã e quiser se arriscar com pré-aviso, 'Hopeless' não é um caso tão perdido assim.

Obs.: ah, o livro tem "continuações", que contam a história na perspectiva de Dean Holder e outra que aborda um pouco a amiga, Six (já que ela foi esquecida quando conveniente). Talvez eu confira, por curiosidade, mas não consigo deixar de pensar no cheiro de "fanfic oficial" desses textos. Não tive também uma boa apresentação prévia: fontes me dizem que a autora conseguiu errar datas de acontecimentos da própria trama e elas não batem com a história original. 

Leia outras colaborações da juliana para o Shereland:
Sua Voz Dentro de Mim é o diário de uma maníaco-depressiva que ama o psiquiatra 
Extraordinário não é sobre bullying, é sobre a gentileza com o próximo 

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Justiça libera biografia que afirma que Lampião era gay

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Nesta semana, o Tribunal de Justiça  de Sergipe autorizou a publicação da biografia Lampião - O Mata Sete, em que o escritor Pedro de Morais defende que o cangaceiro era gay.

O bafafá começou em 2011, quando a publicação foi proibida pela justiça  a pedido dos familiares de Virgulino Ferreira da Silva, que também entraram com ação por danos morais. 

O escritor se defendeu anteriormente dizendo que a suposta homossexualidade do Rei do Cangaço não era o tema central de sua obra, mas que ele não poderia deixá-la de lado. “Todo mundo tratou do mito. O que eu fiz foi falar sobre Lampião, o bandido”, disse Morais em entrevista à Carta Capital em 2012. “Eu falei que ele era um facínora, bandido, ladrão, cruel e nunca houve problema algum. Inclusive, a família até respeita a divulgação desses fatos. Agora eu digo que Lampião era gay e as pessoas proíbem o meu livro? Eu acho que esse pessoal é muito preconceituoso”, completou.

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Na época, o juiz Aldo Albuquerque assumiu que não leu a obra, mas que a proibiu por "ferir a imagem" do cangaceiro. "Ninguém tem o direito de tratar da opção sexual de quem quer que seja, com exceção da sua própria", disse ele.

Lembrando que, a Lei das Biografias ainda aguarda aprovação do Senado. Segundo ela, a publicação de "imagens, escritos e informações" biográficas de personalidades públicas será liberada, sem necessidade de autorização do biografado ou de seus familiares. 

Fiz uma pesquisa pela rede, e não encontrei o livro disponível nem em sites de sebos. Se ficou curioso, que tal se cadastrar no Shereland e consultar se algum amigo seu tem para emprestar? 

E aí, você acha que biógrafos têm direito de dizerem o que quiser sobre um biografado? Deixe sua opinião nos comentários.

Leia mais sobre biografias que geraram burburinho:
A "quilometragem masculina" de Garrincha 


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Carta em que Mário de Andrade comenta homossexualidade agora é do público

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Archimedes Marques 21 de Outubro de 2014 às 21:21

LAMPIÃO O MATA SETE, UM AGRESSIVO, MALDOSO E INCONSEQUENTE LIVRO EIVADO DE ENXURRADA DE INVERDADES.

Discutir se Lampião e Maria Bonita eram bandidos ou heróis é História. Mas, publicar um livro ressaltando inveridicamente a orientação sexual do casal e tantas outras leviandades é violar a privacidade e intimidade da própria família Ferreira, seus remanescentes, sem qualquer interesse histórico, científico ou jornalístico. Com certeza isso não é construir história é fazer histrionia, histrionice, histrionismo.
Adquirido, passada a curiosidade inicial, o sábio leitor vendo a fragilidade de todas as suas alegações logo verá que tal obra é IGUAL A UM CASTELO DE AREIA NA BEIRA DA PRAIA, em pouco tempo será consumido pela água de volta, destruído por completo. Tal castelo construído sem estrutura alguma voltará a ser simplesmente areia, pois as suas alegações e suposições com pretensas provas, sejam elas testemunhais, documentais ou outras quaisquer, inexistem, sequer indícios há. TUDO FICTÍCIO, fruto da sua imaginação, assim, não tem como se sustentar por muito tempo. Embora para alguns, os maldosos de plantão do mesmo gênero, desinteressados ou leigos por completo no assunto acreditem em tais irreflexões. Estrago feito de qualquer jeito!
Como pesquisador do tema cangaço o autor não passa de UM ARREMEDO DE APRENDIZ: os erros são gritantes e pululam em cada página do seu livro. Ademais as suas palavras na tentativa de desmistificar o Mito Lampião a qualquer custo são CHULAS e também cheias de ódio, ódio que chega ao extremo, chega a transpor a sua própria razão e, sem razão jamais um escritor se transformará em historiador, pois historiador não pode agir tão somente pela emoção, se não conseguir chegar à verdade real, deve pelo menos dela se aproximar, nesse sentido ele demonstra estar longe, bem longe disso tudo, ANOS LUZES de distancia. Como escritor de romances, talvez tivesse alguma chance, melhor sorte, mas como historiador, com toda certeza ele será reprovado com as piores notas em todos os quesitos. Ao mais exigente leitor com certeza a nota a ser dada será ZERO, pois de tudo do seu livro QUASE NADA SE APROVEITA, posto que da historia verdadeira apenas fatos repetitivos, mesmo assim eivados de erros: datas, nomes, lugares trocados, tipicidade do pesquisador CHINFRIM, desatento para um pouco aliviar.
Dentre as tantas aberrações coloca como suposta TESTEMUNHA DE OUVIR DIZER um cidadão, escrivão, que já faleceu e nada disse para ninguém, somente para ele, então Juiz de Canindé. Dá a entender também que dois ex-policiais volantes que saem em fotografias como seus supostos entrevistados COMUNGAM COM OS SEUS ENTENDIMENTOS, contudo, esses dois cidadãos TAMBÉM ESCREVERAM EM LIVROS AS SUAS MEMORIAS e, as suas narrações são totalmente contrárias, ANTAGONICAS, como antagônico também é o entendimento do prefaciador do seu livro ao seu próprio entendimento. O escritor Oleone Coelho Fontes autor do livro Lampião na Bahia é o seu prefaciador. É a primeira vez que vejo prefaciador e autor se debaterem em TANTAS SITUAÇÕES CONTRÁRIAS UMAS A OUTRAS nas suas obras. Além do mais o livro dele VAI DE ENCONTRO A MAIS DE 800 TÍTULOS JÁ PUBLICADOS, alguns deles escritos na própria época do cangaço, na efervescência das guerras em que os pobres sertanejos tanto sofriam e mais do que nunca rogavam pelo fim de Lampião, ou mais ainda pós-era, baseados em incontáveis entrevistas com inúmeros remanescentes desse tempo. Seriam todos esses historiadores perfeitos idiotas, grandes mercenários da cultura ou, exímios enganadores? E as pessoas que viveram a infância, a juventude de Virgulino por quais razões foram omissos nas suas tantas entrevistas?
Não existe no livro LAMPIÃO O MATA SETE um único documento que prove que o autor fez qualquer tipo de estudo, pesquisa ou de onde foi buscar tais informes. Tudo não passa de mera especulação, INVENCIONICE. Mesmo porque não há qualquer demérito em alguém ser ou, LAMPIÃO TER SIDO HOMOSSEXUAL se verdade fosse. A discussão é se o fato é verdadeiro ou mentiroso, e nesse sentido o autor pode ser considerado como o MAIOR IMPOSTOR que a literatura cangaceira já viu.

A gente lê: A Lista Negra

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Já dissemos aqui no Shereland que, em geral, temos quatro vezes mais chances de gostar de indicações de leitura de amigos do que se formos na opinião de desconhecidos. Mas, dessa vez, escolhi me arriscar e parti para uma dica do Garota It  que, pasmem, é um blog/vlog literário que não sigo.

E não é que deu certo? A Lista Negra, de Jennifer Brown, é arrebatador. 

Tudo o que eu tinha ouvido sobre a obra é que ela abordava bullying. Bom, é bem mais do que isso. Mas muiiiito mais.

Logo de cara, nos deparamos com uma reportagem (fictícia) noticiando que houve um massacre na praça de alimentação de uma escola, e que o assassino tinha se matado após acertar um tiro na namorada. O artigo questiona se a garota, a Valerie, é a heroína (por ter se sacrificado na tentativa de acabar com o tiroteio) ou se ela é a cúmplice (pois criou uma lista negra com o nome de várias pessoas que depois vieram a ser mortas pelo namorado).

Para que o leitor consiga se inteirar, a primeira parte do livro intercala três histórias: a) a de como Valerie e Nick haviam sido excluídos e humilhados; b) a do dia do massacre; c) e a do retorno de Valerie para a "vida normal".

Até então, já tinha visto outras obras sobre atentados em escola (como o maravilhoso Elefante, de Gus Van Sant, cujo trailer finaliza este post), mas acho que a ousadia de Jennifer Brown foi justamente começar pelo estopim, pois, assim, ela nos carrega para o martírio de Valerie. A personagem sofre porque o namorado morreu, sofre porque desconhecia as reais intenções dele e sofre para provar (até para ela mesma) sua inocência.

Já aviso: sentimentos bem divergentes vão ser arrancados de você caso tope embarcar nessa. Eu realmente tive um ódio quase concreto de alguns personagens e... enfim, acho que só quem ler vai conseguir entender o que eu estou falando.

Pulando de assunto, mas continuando em A Lista Negra, o livro acabou me remetendo a outra obra teen que li neste ano, Eleanor & ParkAmbos trazem o bullying como tema maior, mas penso que, no fundo, a moral que fica é que adolescentes problemáticos são fruto de famílias desestruturadas. O que me faz pensar se a temática "a família" não seria o atual tabu americano. 

É só um palpite...

Conforme o prometido, termino então com o trailer de Elefante

Livros relacionados

Eleanor e Park
A Lista Negra

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Mafalda virou cinquentona! Relembre a primeira tirinha da personagem

Não dá para deixar essa segunda-feira passar em branco. Mafalda, personagem criada pelo argentino Quino, completa 50 anos.

Para comemorar, reproduzimos aqui as primeiras tirinhas publicadas na revista semanal Primera Plana:

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E se você quiser espiar da primeira à última tira de Mafalda, a coletânea Toda Mafalda está em promoção na FNAC, por R$ 76,50 .

Mas se não estiver podendo gastar, cadastre-se no Shereland, convide seus amigos para se cadastrarem também e veja se algum deles pode emprestar o livro para você. Saiba mais sobre a rede de empréstimo de livros clicando aqui.

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Mr. Darcy, de Orgulho e Preconceito, é o pai de Edward Cullen, Christian Grey e companhia?

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Já contei que gostei bastante de Orgulho e Preconceito, de Jane Austen.

Tem muita coisa no livro que me colocou para pensar, e queria compartilhar com vocês. No entanto, como falar sobre o enredo é imprescindível para chegar às minhas conclusões, optei por fazer um post livre de spoilers (aquele publicado ontem ) e outro, este, para quem já leu a obra ou não se importa de saber como ela vai terminar.

Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três :p

Já que você continuou a ler...

Bom, eu realmente achava que, por nunca ter lido Jane Austen, nunca tinha tido contato com Jane Austen. Me enganei. Nenhum ser que já tenha assistido a Sessão da Tarde alguma vez na vida pode dizer que não conhece a autora.

Engatei o livro em uma segunda de manhã na ida para o trabalho e, depois das primeiras cinquenta páginas, mandei um recado para minha amiga dizendo não entender a glamourização em torno da inglesa.

Pois bem. 

Na terça-feira de manhã, já tendo alcançado o auge da tensão entre Mr. Darcy e Lizzy Bennet, vim trombando nos outros pela rua, porque não conseguia parar de ler. Gente, parecia que era questão de vida ou morte saber o que ia acontecer com os personagens. Eu não torcia tanto pelo desenrolar de um romance desde, bem, desde Crepúsculo há muito tempo. E foi aí que, acho, entendi o mito Jane Austen. Suas tramas não seriam a base para a literatura contemporânea de mulherzinha? (Rodrigo S.M. teria escrito: 'Explosão')

Vamos pensar em Mr. Darcy: ele é ultra rico, bonito, mas um tanto turrão. Do outro lado temos Lizzy Bennet, uma menina não tão bonita quanto a irmã, não tão rica como as amigas, mas que compensa tudo com inteligência e destemor. A audácia dela bate de frente com o egocentrismo dele. Mas, depois de passarem por poucas e boas, um se descobre o complemento vital do outro e aí eles terminam felizes para sempre S2 S2 S2 S2

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O esqueleto é esse. A partir dele, podemos trocar o nome de Mr. Darcy por Edward Cullen, Christian Grey, Mr. Big, até Bruce Wayne... 

Dois séculos passaram, e nada mudou: a mocinha normal e esperta (que a leitora gostaria de ser) vai se apaixonar pelo mocinho lindo, rico e marrento (que a mocinha gostaria de ter). Muitas vezes eles ficarão juntos, porém, se o autor tender para o Romantismo, um dos protagonistas (ou os dois) morre.

E isso não é nenhuma crítica à Jane Austen, pois realmente acho que, quando escreveu seus romances lá no começo do século XIX, ela foi visionária. O estranho, para mim, é saber que continuam a repeti-los em 2014. Será que são os autores que têm preguiça de pensar na nova figura feminina e suas aspirações ou são as leitoras que pararam no tempo?

Leia mais:
A gente lê: Orgulho e Preconceito 
A gente lê: Cinquenta Tons de Cinza 
As piores frases de Cinquenta Tons de Cinza 
Os 100 livros mais inspiradores de todos os tempos (segundo usuários do Facebook) 


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Jane Austen e Chitãozinho e Xororó inspiram musical. Hein?

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Ju Disney 28 de Setembro de 2014 às 22:42

Leia "Razão e Sensibilidade " plzzzzzzzzz