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Meu Amigo Down: ensinando para crianças o conceito de diversidade

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Hoje (e todo 21 de março) é comemorado o Dia Internacional da Síndrome de Down. E aí encontrei a deixa perfeita para falar sobre uma obra que definitivamente mudou minha perspectiva de mundo: a coleção infantil Meu Amigo Down, de Claudia Werneck (editora WVA).

Composta por três livros (Na Escola, Na Rua e Em Casa), a série foi pioneiríssima, pois, na época em que começou a ser lançada (1994), não se falava abertamente sobre diversidade - muito menos para crianças.

Tive a sorte de ganhar da minha prima o primeiro livro da coleção e, depois, fomos completando com os outros que saíam. Obviamente, minha mãe já os repassou há muito, mas consegui reler pela internet a versão integral de dois deles.

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Em 'Na Escola', o garotinho-narrador começa contando entusiasmadamente que há um aluno novo em sua sala. Ele não sabe explicar o porquê, mas aquele coleguinha, ao mesmo tempo em que é diferente, é muito parecido com todos os outros.  "Às vezes, ele erra no dever. Mas tem tanto amigo que erra no dever também", tenta explicar.

Mas o que mais chama atenção nas obras, é que não são as crianças que estranham o amigo Down... São sempre os pais - que fazem uma reunião com a diretora da escola para questionar se aquele menino não vai atrapalhar o andamento das aulas, ou a própria mãe da criança que a esconde longe dos outros meninos (no caso da edição de Em Casa). É para deixar qualquer adulto constrangido, não é?

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3 curiosidades sobre a autora do livro

>A jornalista Claudia Werneck  teve a ideia de se aprofundar no tema quando encontrou uma mãe que acabara de ter um filho com Síndrome de Down, mas não tinha a menor ideia de como seria o futuro do filho. Claudia decidiu então fazer uma mega reportagem para a revista onde trabalhava, a Pais e Filhos, que acabou somando 70 páginas! Daí saiu Muito Prazer, Eu Existo, o primeiro livro didático sobre a síndrome publicado no Brasil;

> Anos depois, quando decide escrever para crianças a série Meu Amigo Down, a autora teve que se deparar com a intolerância/ignorância. O livro foi retirado de concursos literários com a alegação de que o tema não era "universal" e não contribuiria para a formação dos pequenos;

>OK, agora vem a parte fofoca. Claudia Werneck é ela mesma... a mãe da humorista/atriz Tatá

Interessou-se? Então já aviso que não está fácil encontrar a coleção infantil. Recomendo que busque na internet e, ainda assim, os livros não estão disponíveis nos sites mais populares. O site da Livraria da Travessa  é um dos únicos que disponibiliza as três edições, por R$ 26,00 cada exemplar.  

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Gilda 21 de Março de 2014 às 21:32

Adorei esse post. Quando meus filhos eram crianças leram os livros. As estórias eram muito bonitinhas e de uma sensibilidade incrível.

Eles leem: Emicida

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Emicida, talvez o cara responsável pela estouro do rap nacional nos últimos anos, declarou em seu blog  sua admiração pelo livro Muito Longe de Casa - Memórias de Um Menino-Soldado, de Ishmael Beah.

Na autobiografia, Ishmael relembra sua infância na paupérrima Serra Leoa, onde dois grupos se dividem em uma guerra-civil persistente. Tudo começa quando o autor perde casa e família em um ataque rebelde. Depois de perambular sem eira nem beira, o garoto acaba sendo aliciado pelo governo e passa a combater como menino-soldado - tudo isso com uns doze, treze anos.

"Recomendo por ver nele uma metáfora da vida de diversas pessoas, que embora não estejam em sua infância com uma metralhadora em punho, são expostas a situações que acabam se aproximando disto", escreveu Emicida.

O rapper assumiu ainda que baseou-se no livro para escrever a música Soldado Sem Bandeira, que você ouve a seguir:

Li Muito Longe de Casa em 2007. Juntamente com A Menina Que Roubava Livros (já falamos sobre ele aqui ), foi minha leitura escolhida para as férias de julho daquele ano.

Não lembro com tantos detalhes, mas, realmente, era de chocar: crianças sendo capturadas e passando por lavagem cerebral para aprender a matar e morrer por uma causa que nada tem a ver com elas. É aquele tipo de livro que dá para ler em um fim de semana.

Como tem que ser, meu exemplar rodou a família toda e deve ter sido emprestado a umas três ou quatro pessoas. Hoje em dia, está bem conservadinho na minha estante :) 

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O Brilho do Amanhã

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Venha ver: divulgado trailer de Peanuts, o filme de Snoopy e companhia

Internautas soltando um grande "ownnnnnnnnnn" em 3, 2, 1:

Isso mesmo! Snoopy, Charlie Brown e companhia estão ganhando vida nas telonas pela primeira vez - ainda por cima em 3D. O filme Peanuts estreia em novembro de 2015 para comemorar os 65 anos do lançamento da primeira tirinha da turma criada por Charles Schulz.

E já que esse é um blog de literatura, a gente não pode deixar de postar aqui a fofura (publicada em 2 de outubro de 1950):

tirinha_peanuts.jpg

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Estantes criativas mundo afora

Como é sua estante? Consegue guardar todos os seus livros? Em geral, isso já basta para uma estante.

Estante criativa - READ

Mas tem muita gente que trabalha para ter uma estante super criativa. Vendo elas, imagino que dê bastante motivação para leitura.

E você? Tem uma super estante que queira compartilhar?

Veja abaixo o álbum com alguns trabalhos bem criativos.

Álbum

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Leticia 18 de Março de 2014 às 16:11

Sensacional

Giselle 18 de Março de 2014 às 21:12

A minha filha ia adorar uma estante como estas apresentadas, vou copiar a ideia.

Ione Soares 18 de Março de 2014 às 23:07

Adorei todas, em especial a que tem a menininha sentada. Muito bom.

Qual biografia você começou, mas não chegou ao final do livro?

No post da última sexta-feira, falei de Vida, a autobiografia de Keith Richards que eu li e adorei. Mas quando fui pegar o exemplar na minha estante, acabei me deparando com outras biografias que não curti tanto, e, pior, uma outra que sequer cheguei até o fim.

Costumo me sentir culpada por abandonar um livro, mas, às vezes, não dá. Por isso, neste post vou falar sobre três biografias que comecei e parei. E lanço um desafio a vocês: qual é a biografia que você não suportou?

Importante dizer que não acho em nenhum dos casos que as obras mencionadas sejam ruins. Acho apenas que elas não combinaram comigo e com o que eu buscava na época.

Vamos lá:

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Anita Garibaldi, de Paulo Markun - Peguei este livro emprestado quando tinha 14 anos. Eu acabara de ler Olga, de Fernando Morais, e estava na vibe de saber mais sobre mulheres revolucionárias. Acontece que não devo ter passado da terceira página de Anita Garibaldi.

Se não me engano, a história começa descrevendo crianças encontrando uma ossada enterrada. Mas eu lia e relia o primeiro parágrafo e simplesmente não conseguia entender do que o autor estava falando. Aliado a isso, minha prima, dona do exemplar, tinha me dito que também não tolerara o livro. Ou seja, parei.

Não sei se hoje, mais velha, seria diferente. Mas a verdade é que não tenho qualquer interesse de resgatá-lo.

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Marighella, de Mário Magalhães - Sempre li sobre Carlos Marighella nos outros tantos livros sobre história política que curti, por isso esperei ansiosamente pelo lançamento de uma biografia só dele. 

Acontece que mesmo tendo chegado à metade da obra de Mário Magalhães, continuo sem saber muito sobre o líder revolucionário. Uma coisa é inegável: o livro dá um panorama detalhado da política brasileira desde a década de 1940. Entretanto, acho que o Partido Comunista e seus personagens ganharam mais destaque que o próprio Marighella. Por que ele se envolveu com a política? Por que se tornou uma ameaça ao governo? Quando começa a esboçar a luta armada? Não tenho a mínima ideia. 

Enfim é triste, mas demorei quatro meses para chegar à página 322  (exatamente quando acontece o golpe de Estado de 1964). Quando percebi a quantidade de livros que poderia ter lido nesse tempo, larguei. Até hoje me questiono o que farei com o meu exemplar. Às vezes penso em retomar da página onde parei, às vezes penso em doar. Alguém aí tem interesse? :)

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Para Sempre Teu, Caio F., de Paula Dip - Esse foi a maior decepção da minha vida literária! Eu adoro o escritor gaúcho Caio Fernando Abreu e o livro foi escrito por uma de suas maiores amigas. Além disso, me foi emprestado por uma grande amiga, para que eu lesse enquanto viajava por aí. 

O livro tem cartas, tem memórias, tem fotos... Mas a autora é muito chata! Na minha opinião, Paula usou a biografia como uma terapia para falar sobre si, esquecendo completamente que o interesse dos leitores era o Caio, não ela. Quando a autora passou um capítulo dizendo por que era chamada de Vera Gata, parei (mais ou menos na página 50) e fui ler outra coisa (a biografia de Heath Ledger). Uma pena, pois me restou saber mais sobre o Caio F. através de seus próprios textos - que já são bem autobiográficos.

E agora é a sua vez! Conte para gente aí nos comentários: qual é a biografia que você não terminou?

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Rafael 17 de Março de 2014 às 14:54

Tenho dó de parar de ler um livro, mas tem horas que não dá mesmo.
Aprendi a fazer a "regra da metade". Se eu já passei da metade do livro, e está chato, então termino de ler. Senão, vou ler outra coisa.

A biografia que parei de ler foi "A bola de neve: Warren Buffett e o negócio da vida". Comprei porque estava com promoção e bem barato, além de admirar alguns pontos do Warren Buffet (como a questão de ser super rico, mas não sentir necessidade de torrar a fortuna).

Porém, não gostei da biografia. Achei meio monótona, e cheio de informação que não chegou a me interessar. Então, preferi largar, e ler outra coisa.

Fernanda 17 de Março de 2014 às 17:11

Eu fiz um esforço enorme pra ler a autobiografia "Confesso que vivi" do Neruda. Na verdade foi um fardo lê-lo e se ele não fosse meu poeta favorito, teria feito aviõezinhos de papel com as folhas do livro. Ele quase não fala sobre poesia, não diz nada das paixões arrebatadoras, quase não cita a Matilde (a mulher que ele ficou até o fim da vida) e ainda me desiludiu ao dizer que os cem sonetos de amor não eram pra ninguém.
Eu li todas as páginas mas cochilei na maior parte das enfadonhas viagens diplomáticas dele, que ocupam praticamente o livro todo.

A biografia do Saramgo, da Leya Brasil, já tentei começar umas três vezes e travei em todas. Li tão pouco que ainda não descobri o motivo pq parei, mas não tive mais vontade de tentar e ficou pra gaveta.

E devem ter outros, que são tão ruins que eu escondi.

Patricia Fernandes de Souza 17 de Março de 2014 às 18:16

Comecei a ler a biografia do Bill Gates e morri de tédio.... kkkkkk