A gente lê

Aqui contamos para você qual é o livro que a gente anda carregando na mochila. (Porque, acima de tudo, nós do Shereland somos leitores)

A gente lê: Um Copo de Cólera

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Na primeira vez que peguei um livro de Raduan Nassar, não consegui avançar muito. Lavoura Arcaica havia sido recomendado por um professor querido, mas lembro que, para mim, a leitura não passou de frases aglomeradas que eu não era capaz de entender.Frustrada, coloquei o exemplar na minha estante para pegá-lo de novo dez meses depois. Aí, sim, fluiu. Pois é, na segunda vez, consegui me acostumar àquele estilo tão garboso e gostei. Caso encerrado.

Só voltei a me preocupar com Raduan quatro anos após aquela empreitada, quando fiz um curso com a editora da Companhia das Letras, e Vanessa Ferrari defendeu que o escritor é um dos melhores contemporâneos, pois ele une "apuro estilístico com domínio da língua". Então tentei avaliar essa opinião e não consegui. Percebi que não me lembrava nada de Lavoura Arcaica. Nada.

Foi esse apagão que me estimulou a começar Um Copo de Cólera, novela de menos de 90 páginas, mas que demandou tanto fôlego... 

"lá tá ele metafisicando, o especulativo... e se largo as rédeas, ele dispara no bestialógico... não vem que não tem, esse papo já era"

A fala acima, pertencente à personagem mulher do livro, resume um pouco o que encontrei. 

Desde o começo do livro, o homem provoca a mulher, até que tudo vira uma discussão épica em que as agressões mais baixas serão ditas. Essa é a trama. Talvez o personagem duro tenha sido baseado naquele pai de Lavoura Arcaica, um tipo capaz de deixar qualquer um ranzinza.

O estilo de Raduan, não existe outro correspondente. O que não consigo dizer é se entendi o livro e nem se gostei. Fico pensando se, talvez, não valha deixar guardado na minha estante e pegá-lo novamente daqui a dez meses.


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A gente lê: Passaporte Para a China

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Em 1960, o governo chinês convidou escritores de todo o mundo a participarem das comemorações do 11º ano da revolução de Mao Tsé-Tung. Entre os integrantes da comitiva brasileira - escolhidos por Jorge Amado - estava a queridíssima Lygia Fagundes Telles. O famoso Samuel Wainer então pediu que a escritora paulista relatasse suas impressões de viagem ao jornal Última Hora. Pois bem. Cinquenta e um anos depois, Lygia resolveu reunir as 29 crônicas resultantes no livro Passaporte para a China

O máximo, não é?

Os textos começam no aeroporto brasileiro, em 24/09/60, com Lygia morrendo de medo de tomar o avião. A partir daí, vamos acompanhá-la em suas escalas em Darfur, Paris, Praga, Moscou, Omsk, Irkutsk até que, cinco dias após sair das terras canarinhas, ela chegue à China, onde participará de eventos oficiais acompanhada de um intérprete que a chamava de "Telezê".

Lygia estava ciente de que só estava conhecendo o país que as autoridades queriam que os estrangeiros vissem, mas, ainda assim, ela conseguiu extrair imagens e reflexões sobre o regime, as pessoas e a cultura que continuam instigantes.

O livro é curtinho, não chega a 90 páginas, mas garanto a vocês que é muito prazeroso. Conta ainda com um encarte de fotos tiradas durante o tour, em que podemos observar um bela e despachada Lygia com 37 anos.

Meu projeto Lygia Fagundes Telles

Desde 2010, venho lendo a bibliografia da autora, seguindo a edição da Companhia das Letras. Atualmente, minha meta é ler um livro a cada semestre. 

Ciranda de Pedra -1954
Verão no Aquário - 1963

Antes do Baile Verde - 1970

As Meninas - 1973

Seminário dos Ratos - 1977

A Disciplina do Amor - 1980
As Horas Nuas - 1989

A Estrutura da Bolha de Sabão - 1991
A Noite Escura e Mais Eu - 1995
Invenção e Memória - 2000
Durante Aqueles Estranho Chá - 2002
Histórias de Mistério - 2010
Passaporte Para a China - 2011
O Segredo e Outras Histórias de Descoberta - 2012
Um Coração Ardente - 2012

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Leia mais sobre a autora aqui no Shereland:
A gente lê: Um Coração Ardente 
No aniversário de Lygia Fagundes Telles, veja vídeo em que ela analisa a própria obra 
Dois contos sobre Carnaval 

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A gente lê: A Lista Negra

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Já dissemos aqui no Shereland que, em geral, temos quatro vezes mais chances de gostar de indicações de leitura de amigos do que se formos na opinião de desconhecidos. Mas, dessa vez, escolhi me arriscar e parti para uma dica do Garota It  que, pasmem, é um blog/vlog literário que não sigo.

E não é que deu certo? A Lista Negra, de Jennifer Brown, é arrebatador. 

Tudo o que eu tinha ouvido sobre a obra é que ela abordava bullying. Bom, é bem mais do que isso. Mas muiiiito mais.

Logo de cara, nos deparamos com uma reportagem (fictícia) noticiando que houve um massacre na praça de alimentação de uma escola, e que o assassino tinha se matado após acertar um tiro na namorada. O artigo questiona se a garota, a Valerie, é a heroína (por ter se sacrificado na tentativa de acabar com o tiroteio) ou se ela é a cúmplice (pois criou uma lista negra com o nome de várias pessoas que depois vieram a ser mortas pelo namorado).

Para que o leitor consiga se inteirar, a primeira parte do livro intercala três histórias: a) a de como Valerie e Nick haviam sido excluídos e humilhados; b) a do dia do massacre; c) e a do retorno de Valerie para a "vida normal".

Até então, já tinha visto outras obras sobre atentados em escola (como o maravilhoso Elefante, de Gus Van Sant, cujo trailer finaliza este post), mas acho que a ousadia de Jennifer Brown foi justamente começar pelo estopim, pois, assim, ela nos carrega para o martírio de Valerie. A personagem sofre porque o namorado morreu, sofre porque desconhecia as reais intenções dele e sofre para provar (até para ela mesma) sua inocência.

Já aviso: sentimentos bem divergentes vão ser arrancados de você caso tope embarcar nessa. Eu realmente tive um ódio quase concreto de alguns personagens e... enfim, acho que só quem ler vai conseguir entender o que eu estou falando.

Pulando de assunto, mas continuando em A Lista Negra, o livro acabou me remetendo a outra obra teen que li neste ano, Eleanor & ParkAmbos trazem o bullying como tema maior, mas penso que, no fundo, a moral que fica é que adolescentes problemáticos são fruto de famílias desestruturadas. O que me faz pensar se a temática "a família" não seria o atual tabu americano. 

É só um palpite...

Conforme o prometido, termino então com o trailer de Elefante

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A gente lê: Orgulho e Preconceito

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Sempre me mantive bem distante dos romances de Jane Austen, até que, de uma hora para outra, comecei a me deparar com eles o tempo todo. Não tive outra escolha, resolvi encarar Orgulho e Preconceito

Antes tarde do que nunca...

De primeira, um preconceito já foi rompido. Mesmo tendo sido publicado em 1811, o livro não tem linguagem rebuscada, o que pode estar associado à tradução que escolhi, embora eu tenha espiado no original e tido a mesma percepção. 

Já o outro estigma que tinha em relação a Jane Austen demorou algumas páginas, mas também foi quebrado. Garanto: não é só literatura para mulherzinha.

Ok. Um pouco é. Não imagino meu irmão torcendo horrores pelo romance de Elizabeth como eu. Mas o que acontece é que o livro vai além. Bom, vou justificar esse ponto pulando para o enredo.

Tudo começa com a Sra Bennet em polvorosa porque um jovem rico e solteiro acaba de alugar uma das fazendas da região. O propósito da vida dessa senhora é arrumar bons casamentos para as suas cinco filhas, e aí as primeiras páginas vão sendo preenchidas com o alvoroço das moças e um certo flerte entre a mais velha, Jane, e o vizinho. 

Um romance básico? Poderia ser, não fosse a personagem Elizabeth, a segunda dos Bennet, que surge para questionar e até desprezar aquela sociedade tão apegada a normas sufocantes.

Isso não significa que Lizzy Bennet era revolucionária. Calma lá, gente, Jane Austen também era um produto do seu tempo e ia até onde sua consciência de época permitia. Mas mesmo dois séculos avançada, eu ainda consegui pincelar uns conhecidos ali naquela trama. Incrível, não é mesmo?

Sobre o enredo, não quero avançar muito para não dar spoiler.  Digo isso porque, antes de pegar Orgulho e Preconceito, vi um comentário pela internet que me fez desvendar um dos grandes pontos do livro. Ainda tenho um comentário sobre a história, mas isso farei em outro post focada no pessoal que já conhece a obra.

Para finalizar, tenho que dizer que o título  é um dos mais bem escolhidos que já vi. Além de ter uma aliteração maravilhosa no original (Pride and Prejudice), resume com perfeição o tema do livro. Pois é, Orgulho e Preconceito fala sobre orgulho e preconceito. Simples assim. 

Leia mais:
Os 100 livros mais inspiradores de todos os tempos (segundo usuários do Facebook) 


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Cláu 26 de Setembro de 2014 às 22:27

gostou, né? <3

Gabriela 27 de Setembro de 2014 às 00:58

Gostei!!!

A gente lê: A Startup Enxuta

E o livro da vez foi a Startup Enxuta (Lean Startup), comprado pelo meu Kindle. Em resumo:

Leitura obrigatório para todo empreendedor da atualidade

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Para quem acompanha empreendedorismo, estamos percebendo nos últimos anos muitas mudanças. Por exemplo, há 10 anos atrás, todo mundo ia dizer para elaborar o plano de negócios da sua empresa, e hoje em dia essa história é para o canvas (Business Model Generation).

O motivo dessa mudança é a possibilidade de mudar e adaptar a empresa, fugindo de um modelo mais rígido clássico. E o foco da startup enxuta é trabalhar nessa incerteza.

O livro não trata startup como empresa pequena, ou empresa nova, mas sim como um negócio incerto. Quando criamos coisas novas, será que elas realmente vão funcionar? Será que o público vai gostar? Ele mostra diversas sugestões para testar a ideia e ir melhorando com foco no que terá mais retorno, onde ele aborda a forma de ir aprendendo com o público, e então sempre melhorando de pouco em pouco seu produto.

E isso é aplicado também a empresas grandes, que queiram inovar em algum negócio que não conhecem. São diversos princípios que aprendemos, como processo de construir - medir - aprender, mínimo produto viável, testes A/B, entre muitos outros.

Para quem quer empreendeder, é um ótimo livro cheio de estudos de casos.

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