A gente lê: Sua Voz Dentro de Mim
Há poucos meses, minha vlogueira literária favorita, Tati Feltrin, fez um vídeo questionando se uma crítica ruim a algum livro afetaria nossas impressões ou até mesmo nos faria desistir de ler a obra. Acabo de descobrir a resposta para a Tati: não.
Nas últimas semanas, convivi com minha amiga Juliana detestando o livro Sua Voz Dentro de Mim, de Emma Forrest.
Por mais que suas críticas fossem encorpadas, surgiu em mim algo incrível em relação ao título: curiosidade. Pois é, no mesmo dia em a Ju explicou sua irritação com a autora em um post especial para o Shere , eu peguei o livro emprestado.
Nas primeiras páginas, de fato, também achei Emma Forrest dispersa, incapaz de narrar algo lógico por muitas linhas e um pouco obcecada por si. Mas fui avançando e comecei a sentir um afeto por ela e pelo texto apesar de tudo. A conclusão, minha gente, é que eu gostei muito de Sua Voz Dentro de Mim, por mais que concorde com todos os argumentos contra que a Ju tinha me dado.
Trata-se de um diário de uma maníaco-depressiva que ama o seu psiquiatra e o ex? Sim. Mas esse é justamente o ponto. O que já é interessante por demais.
Vejam só: Emma é uma escritora de uns 30 anos cheia de problemas: ela é depressiva, bulímica e pratica automutilação.
A história começa a partir da sua primeira tentativa de suicídio. É o psiquiatra Dr. R. quem praticamente salva a sua vida, dando a ela segurança e estabilidade. E é nesse auge que ela começa um romance avassalador com ninguém menos do que o astro Colin Farrell (conformem-se, ela não é gente como a gente).
Mas... o anjo-psiquitra morre de câncer e, meses depois, o até então apaixonadíssimo Colin Farrell decide que "precisa de espaço". É isso... O que ela está querendo contar desde o começo é como uma moça com tendência suicida sobreviveu à morte de dois entes tão queridos (já que o término de uma relação não deixa de ser a morte do casal).
Concordo com a Ju. A história não é contada de forma linear, faltam explicações e Emma o tempo todo tenta brilhar mais do que a narrativa. Também acho que ela glamouriza seus problemas e adora dizer que é louca. Mas ainda assim eu torci por ela.
Quando o diabo do Colin Farrell dá um fora dela, meu coração se quebrou também. Quando Emma decide não se matar, vibrei no meio do metrô. E quando ela explica o título do livro então, nossa, vivi de alegria. Tanto que vou até copiar aqui embaixo:
Emma tem uma conversa imaginária de despedida com o Dr. R. já morto. Nela, ele questiona como ela reagirá aos momentos difíceis da vida:
- Quando acontecer - ele me pergunta - o que a fará aguentar?Ela é uma grande escritora? Não acho. É meu livro favorito? Nem de longe. Mas o fato é que Emma é daquelas pessoas que a gente vê na revista e quer saber como ela vive de verdade.
- Os amigos que me amam.
- E se seus amigos não estiverem presentes?
- A música pelos fones de ouvi.
- E se a música parar?
- Um sermão do rabino Wolpe.
- Se não houvesse religião?
- As montanhas e o céu.
- Se você saísse da Califórnia?
- Ruas numeradas para que eu continue andando.
- Se Nova York cair no mar?
Sua voz dentro de mim"
Para finalizar, deixo aqui outra conversa imaginária que ela descreve, dessa vez com o ex Collin Farrell, e uma imagem do quadro Ofélia, de John Everett Millais, que inspirou a capa e a história do livro:
- Você é minha?
- Não.
- Não?
Não. Eu adorava ser sua. Mas agora eu sou minha, é é tudo o que sempre fui, no fim das contas.
Leia mais:
Sua Voz Dentro de Mim é o diário de uma maníaco-depressiva que ama o psiquiatra, por Juliana
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