Zelda e Francis Scott Fitzgerald foram um casal muito louco que acabou se tornando um dos ícones da Geração Perdida da década de 1920 (aquela representada no filme Meia Noite em Paris, do Woody Allen). No entanto, F. S. ainda conseguiu transpor a barreira da mera curiosidade em torno de sua vida pessoal: hoje em dia, ele é aclamado por O Grande Gasby, um dos maiores clássicos de todos os tempos segundos várias dessas listas de 'essenciais' que surgem por aí (inclusive esta). Já Zelda, acabou ficando conhecida como... a esposa de do Fitzgerald, o que sei ser uma grandessíssima injustiça desde que li Esta Valsa É Minha, o único livro publicado por ela.
Em 1932, a moça estava internada em um sanatório nos Estados Unidos - ao que tudo indica, era bipolar. Então pegou um lápis e um caderno (digo isso por pura força de expressão, já que não tenho ideia de como ela escrevia) e gerou, em seis semanas, um romance com toques autobiográficos (ou seria uma autobiografia romanceada?). Nele, acomeçaremos a acompanhar a espevitada Alabama desde a infância no sul dos Estados Unidos. Filha de um juiz (assim como Zelda) e de uma dona de casa, a garota arranca suspiros (assim como Zelda) dos oficiais que haviam invadido sua cidade durante a guerra. Um desses moços será David (ou Fitzgerald?), com quem ela se casa e vai viver em NY, onde o cara está começando a fazer sucesso como pintor.
Já vale a pena ler o livro só para acompanhar o casal fictício (e imaginar até que ponto aquilo tudo rolava com o casal real), mas achei que a narrativa pegou fogo mesmo quando, já em crise com o galinhão do marido, Alabama aposta todas as suas fichas para se tornar uma bailarina, momentos que me lembraram Natalie Portman em Cisne Negro. Também gostei muito do texto de Zelda e de suas frases maravilhosas. Algumas selecionei para terminar este post:
"Essas garotas - diziam as pessoas - pensam que podem fazer qualquer coisa e ficar impunes."
"Convinha ter indicações sobre si própria para seguir adiante."
"Gosto de pagar pelo que faço... desse modo, sinto-me em dia com o mundo."
"O medo é uma questão de nervos... Talvez todas as emoções sejam."
"Esta festa é minha - ela insistiu quando a conta apareceu. - Há anos que a estou dando."
"A vida não é tão difícil quanto as profissões."
"melhor deixar cada um por si e interpretar as coisas de modo a se adaptarem aos desejos pessoais."
"Seu corpo estava tão cheio de estatística por causa do constante açoite de seu trabalho que ela não conseguia obter uma clara comunicação consigo mesma."
"Às vezes sou tola quando fico sozinha."
"Por que passamos anos gastando os corpos para alimentar as mentes com experiência, para no final descobrir as mentes voltando-se para os corpos exaustos em busca de consolo?"
Definitivamente o livro que mais gostei de ler neste começo de ano. Interessou? Cadastre-se no Shereland, adicione seus amigos e veja se algum deles disponibilizou Esta Valsa É Minha para empréstimo.
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