A gente lê: Fabulário Geral do Delírio Cotidiano
Quando trouxe Ereções, Ejaculações e Exibicionismos para o Brasil, a editora L&PM - sabe-se lá por quê, - dividiu a obra de Charles Bukowski em dois volumes: o primeiro denominado Crônica de Um Amor Louco e o segundo, Fabulário Geral do Delírio Cotidiano.
Eu não sabia de nada disso quando comprei a primeira parte em 2009 numa banca de jornais da Avenida Paulista. Eu simplesmente bati o olho nessa capa rosa-choque e quis.
E aí conheci um dos autores mais rabugentos e divertidos de todos os tempos. Imagine um velho tarado que vive bêbado e de mau-humor... É o próprio!
Crônica de Um Amor Louco são 30 contos (ou seriam crônicas?) em que Bukowski, às vezes se disfarçando com um pseudônimo, conta seu dia a dia baseado em bebedeiras, apostas em corridas de cavalos e sexo. Vou até copiar alguns nomes dos contos para vocês sentirem a vibe do escritor: Doze macacos alados não conseguem trepar sossegados, Mamãe bunduda e Política é o mesmo que foder cu de gato. Sim, ele pesa a mão, e você tem que estar ciente disso antes de encará-lo. Jamais me esquecerei, por exemplo, de um conto em que o personagem estupra uma garotinha. É...
Então cinco anos depois de ler o primeiro volume, finalmente comprei a continuação e aí a divisão fez todo o sentido. Em Fabulário Geral do Delírio Cotidiano, Bukowski ainda é Bukowski, mas está mais maduro e até mais melancólico. O sexo dá lugar a reflexões solitárias de um cara que, às vezes, deseja a morte. Quando fez esses textos, ele já era um poeta conhecido, e vaidade e constrangimento se misturam dentro dele, como vocês podem perceber nesse trechinho que copio abaixo para fechar o post:
"você também não gostaria de ser Charles Bukowski? sei pintar, inclusive. levantar pesos. e a minha filhinha pensa que sou Deus. mas tem horas em que não vale a pena.""
Leitura rápida, linguagem simples e ácida. Indicado quando você quer descansar.
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